Eu voltava
do trabalho na sexta-feira e me deparei com um quadro tão penoso. E tudo isso
me fez refletir... E, não, eu não chego nem perto da grande Clarice Lispector,
que escreveu livros e contos diante de várias situações do cotidiano. Eu apenas
precisei escrever sobre o que tinha em mim, antes que se esvaísse...
O
que você vai ler não é regra de qualquer situação (mesmo que genericamente
desumanas) nem regra de qualquer pessoa (independente de qual índole ‘alegue’
possuir). Lembre-se: a regra é que tudo pode ser excepcionado, inclusive as
próprias exceções.
Quando
você se depara com uma situação altamente penosa, e eu me refiro à igualdade
das mazelas que caem sobre todos, não apenas às que estão hodiernamente sob os
holofotes; qual a sua reação íntima? Aquela que talvez você tenha vergonha de
expressar, ou o faça com orgulho, ou a fale em voz alta despercebidamente? Confesse
para sim mesmo: revolta? Violência? Medo? Alívio por não ser com você? Ou você
consegue se imaginar no lugar da pessoa e sentir sua dor?
É
interessante ser cônscio de que, muitas vezes, quando as situações
desesperadoras seguem por alguns dias de conformidade, a tendência é que a dor
permaneça, e todo o furor de outras “emoções” (e não sentimentos) suma com o
passar do tempo. Quanto àqueles que lamentam e murmuram e balbuciam: nenhuma violência
ou ato heroico de suposta vingança traz para si a glória e a honra de bradar
aos quatro cantos (ou apenas em uma página de rede social) que você está do
lado do “bem”, e o calar posterior somente confirma a loucura humana de não
admitir sua impotência diante de determinadas situações já passadas, pois se
você continuar a bradar, provavelmente vai transparecer ter perdido um pouco de
sua sanidade. No fim, você vai ver, uma mistura de sentimentos e orgulhos
próprios se somou ao que você chama de vingança e revolta pela situação alheia
e você atribui isso a justiça inerente ao homem e, portanto, se justifica de
integridade. E com muita propriedade. Tudo em prol alguém que, ou já não está
entre nós ou está irremediavelmente imersa em sua própria dor.
Mas
se você conseguir se colocar no lugar do outro, provavelmente é a dor dele que
vai se imaginar sentindo. E vai perceber que enquanto os outros gritam e se
entregam aos protestos, quem sente dor, continua nela. Quem sofre, continua em
sofrimento. E que, sob as sombras da imensidão do que não pode ser alcançado
por seus humanos e fracos olhos, há uma desproporção colossal de situações
semelhantes. Se você estivesse gritando neste momento, posso imaginar que ou
seu grito aumentaria e rasgaria suas cordas vocais ou murcharia abruptamente.
A
dor está bem aí, na nossa frente, e muitas vezes escolhemos não enxerga-la
quando nossos dias estão melhores. Mas se você for um peculiar tipo de pessoa
que transborda empatia, também tome cuidado. Você vai sentir tudo que o outro
sente. A empatia, em sua plena prática, pode suicidar sua vida, quando você
estiver em várias dimensões de dores alheias, negligenciando seu próprio
presente. Gosto de acreditar que são oportunidades para se fazer um pouquinho
de bem, e de passar a ter urgência em se valorizar mais o que se tem no
presente (não me refiro à aquisição de bens materiais). Ou quem se tem (e que
são muito, muito importantes para nós). Por outro lado, essa tal de empatia
também traz coisas muito boas: sentimentos bons criam sinapses em uma dimensão
paralela, fulgurando em cores sobrenaturais e prontas para serem absorvidas.
Não precisa ser empático para aproveitar isso, mas se você o fizer, o estará
sendo.
E se
você o estiver sendo, bem vindo à corda bamba dos sentimentos, que afoga seus
sofredores transeuntes em intensidade.
WOW! Tô aqui aplaudindo o seu texto. Gostei de ver essa sua vertente, mais sensível, com palavras cuidadosamente escolhidas pra tocar bem no fundo na nossa ferida. Talvez tu tenha usado um pouco de empatia no seu próprio texto e não tenha percebido.
ResponderExcluirSe pôr no lugar do outro as veze se torna difícil, a gente anda tão acostumado a ser o centro do universo, né? Mas é necessário ter consideração as dores alheias. O mundo só pode dar certo se cuidarmos uns dos outros.
beijo
beinghellz.com
Oi Hellz!
ExcluirFiquei muito feliz de ler o que você escreveu.
Essa sensibilidade está aqui o tempo todo. Quando se manifesta de forma artística, tenho que colocar logo em um papel para não perder as palavras. Aí depois guardo o papel e esqueço que escrevi. O blog é uma oportunidade de não perder mais os papéis.
Sim, você foi fantástica na sua observação: a empatia através desse texto fez com que eu me colocasse no lugar do leitor *____*
Acredito ser natural de todos pensarmos primeiramente em si mesmo, depois nos outros. O problema é não pensar nos outros, ever.
É sim, acredito que a base da humanidade, no sentido de sentimento, pode estar na capacidade de empatia.
Muito obrigada por refletir comigo :)
Beijos!
Amei o texto e a sensibilidade que você teve ao escrever o texto, realmente é difícil se pôr no lugar do outro, somos humanos e a tendência é não sermos assim
ResponderExcluirArt of life and books
Oie!
ExcluirMuito obrigada flor.
Fico feliz por ajudar a refletir.
Aos poucos, e com pouco, podemos ir mudando isso.
Beijos.
Oi, Alana!
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
Faz a gente refletir bastante, seria tão bom se todos os seres humanos se colocassem no lugar do seu semelhante, antes de julgarem como acharem necessário. O mundo seria bem melhor!
Mais uma vez parabéns pela palavras!
Beijos,
Eli - Leitura Entre Amigas
http://www.leituraentreamigas.com.br/
Oi Eli.
ExcluirMuito obrigada, de coração.
Eu refleti ao escrever, mas saber que os leitores também alcançaram a reflexão através desse texto é incrível.
Muito obrigada, mais uma vez.
Beijos.
Oi, Alana! Tudo bem? Adorei o texto. Bem reflexivo e tocante! Eu gosto sempre de me colocar no lugar do outro, de me preocupar com as pessoas em minha volta e tal... É bom fazer isso de vez em quando, né?
ResponderExcluirAbraço
https://tonylucasblog.blogspot.com.br/
Oi Tony.
ExcluirMuito bom saber que você gostou.
Já percebi que você valoriza a sinceridade de sua opinião crítica através de seus outros comentários, então adorei saber que você adorou.
Sim, de vez em quando faz bem até pra gente fazer isso.
Abraço.
Que texto lindo <33 eu fiquei tocada, li e reli porque é muito intenso, de alguma forma! Adorei mesmo, super apoio fazer mais alguns de presente pra gente!
ResponderExcluirhttp://www.leitorasvorazes.com.br/
Oi Lilian!
ExcluirQue amor saber que a sensibilidade do texto lhe tocou em intensidade. Fico extremamente feliz.
Com certeza vou escrever mais, muito obrigada.
Beijos
Olá Alana,
ResponderExcluirOntem conclui a leitura de um livro que aborda a temática empatia e a necessidade de se colocar no lugar de outro para entender - ou tentar - um pouco do seu sofrimento. Não sou uma pessoa que transborda empatia, mas eu tenho a necessidade de me colocar no lugar do outro em alguns momentos, principalmente, em discussões e consigo sentir a dor dele ou seu sentimento e isso é bom, mas feito em excesso atrapalha.
Adorei seu texto e sou grata por tê-lo lido.
Beijos,
Um Oceano de Histórias
Olá Bruna.
ExcluirQue legal. Qual o nome do livro?
Só em ter a necessidade já é tanta coisa que você nem imagina.
Exatamente, isso é bom, na medida.
E a gente descobre, na prática, a medida de cada um.
Eu que agradeço seu comentário.
Beijos.
Hey Alana!
ResponderExcluirCurti o texto. Eu muitas vezes apontei erros de outras pessoas que, ao parar para refletir, eram erros meus também. Hoje aprendi a ser bem mais empática, apesar de raramente me deparar com pessoas assim :(
É uma pena, mas nossa sociedade vive afundada em um preconceito e julgamento inigualável. Se todos se colocassem no lugar do outro, se ao menos tentassem entender os motivos alheios, o mundo seria bem melhor.
Beijos,
Kemmy|Duas leitoras
Oi Kemmy.
ExcluirMuito, mas muito legal mesmo a sua sinceridade em admitir que errou (todos erramos, mas nem todos admitem). E um passo seguro no caminho da empatia.
E, sim, por vezes, um caminho solitário.
É uma pena mesmo, vivermos em uma sociedade cega pela ignorância ou enxergando demais pelo orgulho de algum conhecimento que tenha.
Tentar mudar a sociedade também pode ser desgastante.
Voto pelos atos mais simples em consciência do efeito borboleta: ajudo aqui, reflete ali e mexe o mundo! :)
Beijos!
Olá! Que texto maravilhoso. Acho que a empatia é um sentimento que falta muito nas pessoas hoje. Porque se elas se colocassem no lugar do outro, sentisse suas dores e suas alegrias, com certeza haveria menos julgamentos e mais solidariedade, menos inveja e mais alegria pelo próximo, e, com isso, um mundo infinitamente melhor.
ResponderExcluirBeijos
http://curaleitura.blogspot.com.br
Olá Nathelie.
ExcluirÉ algo bem difícil de se conseguir, mas podemos fazer nossa parte.
Obrigada pela opinião, flor.
Beijos.